Há exato um mês, recebi de meu amigo Chico Cunha um folheto que tratava sobre a Amazônia em uma visão americanizada. Após folheá-lo detive-me com a seguinte frase; ”a selva Amazônica é nosso maior patrimônio em terras estrangeiras”...
Qual o quê! O assunto nada tinha de divertido. Veiou-me a lembrança do arcebispo metropolitano de Manaus, dom Luiz Soares Vieira, em declaração feita durante a 41ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, no ano de 2003, alertou para os riscos que a cobiça internacional pela Amazônia representa para todos nós brasileiros. Com extrema lucidez declarou: “Os brasileiros devem se comprometer com o povo e a terra da Amazônia, que são parte de nossa pátria, nesta hora em já se ouve dizer que o Brasil não é capaz de controlar a região.”
Não é novidade que o interesse pela Amazônia é imenso. Tão grande, que já pode ser definido como cobiça. Tão explícito, que é discutido abertamente, a todo o momento, numa naturalidade assustadora, pelos quatro cantos do mundo.
Uma declaração exemplar, datada de 1989, foi feita pelo então Presidente da França, François Mitterrand. Segundo ele, “o Brasil deve aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”.
Outra declaração revoltante foi feita, igualmente no ano de 1989, por Al Gore, então vice-presidente dos Estados Unidos. Ele afirmou que “ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”. Em 1992, o primeiro-ministro da Inglaterra, John Major já havia declarado: “As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo.
As campanhas ecologistas internacionais sobre a região amazônica estão deixando a fase propagandística para dar início a uma fase operativa, que pode, definitivamente, ensejar intervenções militares diretas sobre a região.
Como podemos ver a tese de que as grandes nações há muito, pensam concretamente na internacionalização da Amazônia não se trata de uma paranóia nacionalista. As assertivas desses senhores não deixa margem a dúvidas. Felizmente o arcebispo tem razão.
Há anos, é disseminada, mundo afora, a idéia que os brasileiros não respeitam e não cuidam desse valoroso patrimônio da humanidade. Vendem a tese de que a Amazônia encontra-se por nós abandonada e que seu tesouro é acintosamente dilapidado. Justificam, assim, uma intervenção na região, sobretudo para as gerações mais jovens, que crescem sob essa fantasiosa concepção.
Enquanto isso, ficamos todos “deitados em berço esplêndido”, totalmente passivos, completamente cegos às evidências de que o mundo maquina contra nossa soberania sobre a Amazônia.
Não podemos baixar a guarda. A Amazônia abriga jazidas de cento e cinqüenta toneladas de ouro, dezoito bilhões de toneladas de ferro e cobre e quarenta bilhões de metros cúbicos de madeira de lei, o que equivale a US$ 1 bilhão (um bilhão de dólares).
A riqueza de sua biodiversidade ainda é desconhecida, mas estima-se que possui de cinco milhões a trinta milhões de plantas diferentes, sendo que somente trinta mil já se encontram identificadas, o que corresponde a dez por cento da flora do planeta.
Tamanho patrimônio deveras atiça a gana de quem já detém esmagador poder político e econômico sobre praticamente todo o mundo. Fato que se torna mais assustador se lembrarmos que a água será o “petróleo do futuro”. De acordo com o Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a qualidade da água da Amazônia é superior à de outras procedências pelo simples fato de tratar-se de uma área com elevado grau de preservação ambiental. Realmente, temos motivos para preocupação.
Estou apreensivo com o rumo que a questão está tomando. Receu, sinceramente, que o descaso das autoridades para com a Região Amazônica venha concretizar os temores do arcebispo Dom Luiz Soares Vieira.
Fica o alerta.
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