quarta-feira, 2 de março de 2011



Lição de Poeta


- Hei!  Poeta...
Que sentimento é este, que nos invade a alma com furor tamanho?
Qual sensação é essa, que nos deixa tonto de prazer sem nos apercebermos?
Que salutar alegria é esta, que percorre todo o corpo inebriando-nos de prazer?
Que volúpia é essa, que nos encarniça o coração com fleuma jovial e frenética paixão?
Que carcereiro é este, que nos aprisiona sem importar-se com a idade, raça, credo ou condições sociais?
Que carrasco é este, que nos imola o corpo e nos tortura o espírito?
- É o amor!  Diz o Poeta sorridente. Em suspiro profundo complementa:
- Muitos falam, cantam, versam, filosofam e até morrem e matam por ele!
Digo-te ainda. O amor é eclético, romântico, clérigo, divino, poético, satírico, ilusório e infantil!
- Como posso entender tal dissertiva acerca do amor?
Prosaico e com sentimentalidade expressiva no falar, O Poeta entoas cântico ao amor:
 - Ah! O amor é eclético, por ser um jardim florido e perfumado, está em todas as partes é só senti-lo... Admirá-lo!
 O amor é romântico, por ser ele parte integrante dos corações enamorados...
Sendo clérigo, ele congrega religiosamente os seres em torno de si mesmo...
Sove em seco o necta do sentimento por segundos e continua;
- Ah! O amor é divino, porque em tudo que nos rodeia vemos a criação de Deus...
O amor é poético, porque somente o amor nos transforma intimamente!
Ele é satírico, por conseguir se expressar de várias facetas...
Respira profundo e;
- Ah! O amor é ilusório, para aqueles que não acreditam no próprio amor...
O amor é infantil, quando serena o coração, confia e não ver maldades...
Somente ele nos eleva o espírito, fazendo de nós criaturas melhores.
- Hei! Poeta...
 Quer dizer que o amor é a magnanimidade do Criador do Universo?
- Muito bem, fico contente que tenha aprendido a lição sobre o amor.
- Falo-te ainda. O amor é a única e verdadeira expressão da vida,
  Sem ele, eu não seria eu. E tu não serias tu. Não existiríamos.
- Ah! Que bem nos faz o amor!  Estou amando. Suspira feliz a Ninfa
- Amemo-nos... Ele, tu, eu! – Finaliza o Poeta.


NÓS

Eu!
Tu?
Nós!
Três em uma única vida,
Passado,
Presente,
Futuro...

O SER COMUM

O ser comum,
De carne fraca e sem gosto
Representa ao mesmo tempo
Liberdade e danação.
O ser comum,
Com força motriz para ficção
Faz de sua vida, inferno,
Sangria das dores que cercam a morte.
O ser comum
Faz latejar a culpa, a nostalgia, a traição
Rejeita a vontade de ser.
O ser comum,
Contagia o mundo de tal forma
Com sua falta de interesse pela vida,
Que o seu viver torna-se incomum.
O ser comum,
É quase natural de mau humor
Desesperado chega a velhice
Sem encontrar nada que tenha
Lhe valido apenas existir.
O ser comum,
Contudo é um ser magnífico
Na tentativa de viver,
De refutar-se nas diversidades.
O ser comum,
Talvez seja isso, sem divertimento
Em tom melancólico de abarcar a própria vida.
O ser comum,
Puritano, malicioso e controverso
Em linhas calmas e seguras
Traça o seu infortúnio.
O ser comum,
Doidivamente é  um ser comum,
Com seus  sonhos, medos, coragem,
Raiva,ódio,pecado, orgulho,bruto,
Inconstante, arredio, vadio, ébrio, louco.
O ser comum,
Vive em atropelos, pelas  esquinas, nos becos,
Dormi nas sarjetas, nas praças, nos bueiros,
Aonde possa encostar seu corpo débil  e espartano.
O ser comum,
Acorda sorrindo, cantarolando, feliz, amando, agradecido,
Por estar vivo neste mar de lama em que vive,
E grita a todos os pulmões que é rico, bonito, bom amante,
E que a vida é sempre uma dádiva dos céus.

 
VOZES

A poesia canta, dança
Fala e encanta.
A prosa chora, ri, embeleza
Enobrece, esnoba com  prazer.
A trova esmera o primor da arte musical,
Em repente apaixonado a luz do luar.
A poesia, a prosa e a trova,
São vozes gritantes,
No coração do poeta amante.

ORTOGRAFIA OU ORTO-GRAFIA?

Meu português burguês acaboclado,
De muitas regras e pouco aplicarem
De grafia linda e orto-grafia feia,
Dos escritos enfadonho  e rústicos.
Por culpa talvez das atuais normas?
Escrever como se fala seria o correto?
E as vogais como ficariam?
A falta de leitura não é problema muito mais sério?
Portugalizar o que já é português?
Hilário ou irônico!?
Vieram-me relâmpagos de pensamentos antigos
Lembranças saudosas das aulas de dona Nair
Quando nos orientava à pratica correta do escrever:.
“ Crianças, só se sabe grafia das palavras por memória visual,
E não por decorar suas regras... Lembrem-se”.
Ela tinha suas razões ou não?
A ortografia fonética facilitaria o ensino da língua portuguesa?
Para escrever bem, bastaria saber as letras e os acentos?
O alto índice de analfabetos é conseqüência das regras gramaticais?
E no mundo existe genuinamente alguma língua fonética?
Ah! Este meu português burguês de caboclo pereché
Que encrenca ortográfica esbarrou-me!
Verdade seja dita, regras gramaticais não possuem mistério,
Aprendi que ler é a melhor solução.
Vivo com o português como leio o português.

 









 






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