POETRIX (Tercetos)
Para se entender o Poetrix, é necessário saber um pouco sobre Goulart Gomes. Ele nasceu em Salvador, Bahia, em 1/5/1965. É graduado em Administração de Empresas e pós-graduado em Literatura Brasileira e um aficionado pela língua portuguesa, um estudioso de seus signos, e um inteligente defensor de neologismos. Goulart – poeta premiado – freqüentava grupos de estudo e discussão dos haikais, porém, como bom brasileiro (e baiano), percebeu que o haikai é um produto genuinamente oriental, interessando as quatro estações do ano (muito bem delimitadas no Japão), como uma fotografia de instantes poéticos.
Nada a ver com nosso modo irreverente, sarcástico e social de fazer poesia. Nada a ver com os modernismos que já eram impostos aos tercetos tropicais, banalizando a terminologia nipônica que tão bem define e pratica o haikai. Assim, Goulart deixa os grupos de haikais, como um dissidente inquieto, e elabora um manifesto, numa tentativa de “abrasileirar” os tercetos, diferenciando-os dos haikais, criando assim, a linguagem poética POETRIX. Sou adepto desta nova corrente poética brasileira. Abaixo expresso meus tercetos/poetrix.
Espero que aprecie esta forma de literatura. Desde já agradeço por sua participação em nosso Blog.
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I – VENTO NORTE
Ladra o cão no terreiro
O gato mia no telhado
O vento norte uiva no morro?
II - CATASETUM
A cascatinha canta ribeira a baixo
Formando lençóis e tranques
Admiro um Catesetum gnomos em flor.
III – PERFUME
O amanhecer sobre o caraça
Refletido pelo sol do leste
É olor de vida nova!
IV - UMA FOTO
IV - UMA FOTO
Caminhando pelo serrado
Fotografei lindas flores
Primavera nas Minas Gerais
V - EXÓTICA
Linda flor roxa de estame amarela
Dócil, sensível, tímida e exótica
Lobeira, iguaria do lobo guará!
VI – O PICO
No alto do cume
Canta feliz o sabiá
O sol no horizonte dorme
VII – A MOÇA
De minha janela contemplo a lua
Cheia ou nova?
A moça sonha ao luar.
VIII – CRESPO
Risca os céus luzes escarlate
Raios, trovoadas e temporais,
Na escuridão da noite fria?
IX – BRINQUEDO
Fruta do coco é sua bola,
Flamengo é clube do coração
Feliz, brinca Karim no sitio do vovô.
X – ENCONTRO
Corre lento o Negro
Ao encontro do Solimões
No saltar alegre dos botos tucuxis e vermelho.
XI – VERÃO
O cheiro de relva noturna
Chuva forte prenuncia.
Crepita o sol poente!
XII – TOADA
Vamos brincar de boi?
Cunhã me chama ao terreiro,
Sou Garantido, ela Caprichoso.
XIII – NAVEGO
Canoa rio abaixo
Sonhos rio acima
Correnteza de paixão.
XIV- TEMPORAL
Tempo claro enovelado
De seda acinzentada
Chuva torrente no leste.
XV – A TELA
Belas pétalas ao chão
Alegria de cores no sertão
Primavera eu meu coração.
XVI – ALÉM
O sol dorme nos Alpes
É canto triste do condor
Voa alto o amigo Nabor.
XVII- SAUDADE
Manacá sem flor
Rio sem pescador
Partiu o caboclo Nabor.
XVIII- CANTIGA
Canta o sabiá
No galho da goiabeira
Sol brilha no nascente.
XIX- VISUAL
Menina na janela,
O canto do bem-te-vi
Ecoa em tarde outonal.
XX- OCASO
O crepúsculo dos sonhos
O amanhecer dos desejos
O anoitecer dos prazeres.
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