quarta-feira, 2 de março de 2011


 POETRIX (Tercetos)

 
                  Para se entender o Poetrix, é necessário saber um pouco sobre Goulart Gomes. Ele nasceu em Salvador, Bahia, em 1/5/1965. É graduado em Administração de Empresas e pós-graduado em Literatura Brasileira e um aficionado pela língua portuguesa, um estudioso de seus signos, e um inteligente defensor de neologismos. Goulart – poeta premiado – freqüentava grupos de estudo e discussão dos haikais, porém, como bom brasileiro (e baiano), percebeu que o haikai é um produto genuinamente oriental, interessando as quatro estações do ano (muito bem delimitadas no Japão), como uma fotografia de instantes poéticos.
                  Nada a ver com nosso modo irreverente, sarcástico e social de fazer poesia. Nada a ver com os modernismos que já eram impostos aos tercetos tropicais, banalizando a terminologia nipônica que tão bem define e pratica o haikai. Assim, Goulart deixa os grupos de haikais, como um dissidente inquieto, e elabora um manifesto, numa tentativa de “abrasileirar” os tercetos, diferenciando-os dos haikais, criando assim,  a linguagem poética POETRIX. Sou adepto desta nova corrente poética brasileira. Abaixo expresso meus tercetos/poetrix.

                  Espero que aprecie esta forma de literatura. Desde já agradeço por sua participação em nosso Blog. 

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I – VENTO NORTE
Ladra o cão no terreiro
O gato mia no telhado
O vento norte uiva no morro?

 II - CATASETUM
A cascatinha canta  ribeira a baixo
Formando lençóis e tranques
Admiro um Catesetum  gnomos em flor.

III –  PERFUME
O amanhecer sobre o caraça
Refletido pelo sol do leste
É olor de vida nova! 
 
IV -  UMA FOTO
Caminhando pelo serrado
Fotografei lindas flores
Primavera nas Minas Gerais

V - EXÓTICA
Linda flor roxa de estame amarela
Dócil, sensível, tímida e  exótica
Lobeira, iguaria do lobo guará!

VI –  O PICO
No alto do cume
Canta  feliz o sabiá
O sol no horizonte dorme

 VII – A MOÇA
De minha janela contemplo a lua
Cheia ou nova?
A moça  sonha ao luar.

VIII – CRESPO
Risca os céus luzes escarlate
Raios,  trovoadas  e temporais,
Na escuridão da noite fria?

IX – BRINQUEDO
Fruta do coco é sua bola,
 Flamengo é clube do coração
Feliz, brinca Karim  no sitio do vovô.

X – ENCONTRO
Corre lento o Negro
Ao encontro do Solimões
No saltar alegre dos botos tucuxis e vermelho.

XI – VERÃO
O cheiro de relva noturna
Chuva forte prenuncia.
Crepita o sol  poente!

XII –  TOADA
Vamos brincar de boi?
Cunhã me chama ao terreiro,
Sou Garantido,  ela Caprichoso.

XIII –  NAVEGO
Canoa rio abaixo
Sonhos rio acima
Correnteza de paixão.

XIV- TEMPORAL
Tempo claro enovelado
De seda acinzentada
Chuva torrente no leste.

XV – A TELA
Belas  pétalas ao chão
Alegria de cores no sertão
Primavera eu meu coração.

XVI –  ALÉM
O sol dorme nos Alpes
É  canto triste do condor
Voa alto o  amigo Nabor.

XVII-  SAUDADE
Manacá sem flor
Rio sem pescador
Partiu o caboclo Nabor.

XVIII- CANTIGA
Canta o sabiá
No galho da goiabeira
Sol  brilha no nascente.

XIX- VISUAL
Menina na janela,
O canto do bem-te-vi
Ecoa em tarde outonal.

XX-  OCASO
O crepúsculo dos  sonhos
O amanhecer dos  desejos
O anoitecer dos prazeres.

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