A unanimidade é burra? - 12-10-2012

                                                                                                

“...da crueldade e da piedade, e se é melhor ser amado que temido ou o contrario.”- Maquiavel

Sempre se falou que a unanimidade é burra. Mais se tratando de Amazonino, tem que se  fazer exceções. E não falo somente porque o mestre mor da política amazonense está enfermo. Até os mais radicais adversários tiram o chapéu pro caboclo. Afilhado do velho bôto, o caboclo aprendeu a senda, às vezes distorcidas dos ensinos do professor, porém criou sua própria  arte  de se fazer política.

Não por menos, sua trajetória é de fazer inveja a Maquiavel e derrubar os conceitos apolíticos de Esopo e a politeia aristotélica de Platão em que o errado deve compensar o certo, mesmo para tanto se saiba mexer as pedras do jogo político ao seu favor. Mesmo a contra gosto dos aliados e desfavor dos opositores, buscou trilhar, acredito até por capricho seu, caminhos que ficarão para os estudiosos políticos pesquisarem.

Deixar a vida pública, a qual dedicou mais da metade de seus 73 anos, ser esquecido ainda em vida,  deve ser a pior doença crônica que faz do Negão, resistir a todos os seus desafetos. Em sentido mais que configurado, ele, após uma cirurgia, retorna a Manaus com mais vigor político do que antes.

O segundo turno promete, deve apoiar aquele que mais se identifica com sua atual administração. Tudo indica que suas baterias estejam voltadas para o candidato Arthur Neto. Falam que seu índice de rejeição é um dos empecilhos para que Arthur o receba como seu cabo eleitoral nesta reta final.

Outros comentam que Amazonino, ao se aliar com a oposição, deixa claro seu afastamento do grupo de Eduardo Braga e do governador Omar Aziz, de quem outrora fora mentor intelectual da subida meteórica dos dois, na política amazonense. 

Como na política, os aliados de hoje podem ser inimigos amanhã, vise-versa, já é de se esperar que o grupo político do Prefeito, em sua totalidade, não esteja engajado em apoiar quem ele indicar.

Até porque desde o início de seu governo em 2009, existem arranhões entre os seus mais importantes secretários, que busca individualmente se afirmarem em conjecturas babélicas e atos belicosos entre si, fazendo com que a administração de Amazonino, tenha um índice baixo de aceitação, principalmente nos quesitos infraestrutura urbana, transporte coletivo e educação.

No outro lado do rio amazonas, deságua os sonhos de todos nós, brasileiros, em ver concretizado o sonho de vivermos uma democracia plena, onde direitos e deveres sejam a máxima da Nação. Ainda somos o País jovem democraticamente, a todo instante nos deparamos com situações de amadurecimento político-social, em que nossas instituições aos poucos vão se enquadrando dentro do princípio da ética e moral democrática.

O STF está fazendo sua parte, condenando os mensaleiros. Esperamos que não fiquem apenas no discursos condenatórios. Que os culpados sejam presos e cumpram integralmente suas penas. Somente assim, teremos convalidada a justiça em sua plenitude democrática.

Estamos longe do ideal republicano. O valor de cidadania nos falta, o bem público ainda continua em mãos de poucos que se acham donos e fazem o que bem entendem, em detrimento coletivo. Com esforço de todos, chegaremos lá. Temos o poder do voto, que mesmo sendo obrigatório, não deixa de ser, um direito constitucional.

A sociedade clama por serviços públicos de qualidade, os vários programas sociais do governo poucos chegam para quem de direito. Escolas abandonadas e sem aulas, hospitais sem leitos, medicamentos e pessoas morrendo por falta de atendimento digno. A realidade prisional é alarmante e desumano. A situação dos lixões em várias cidades é o maior causador de doenças na população, e, sendo ao mesmo tempo, o maior divisor de riquezas para quem o administra.

Vote limpo. Saiba que nem toda unanimidade é burra!

*Escritor-nicaciodasilva@gmail.com