Das entranhas desse chão pobre, humilde e bom,
Nasci, em borbulhas, suspiro o néctar da vida.
Calmamente, cresço entre as frondosas árvores,
Tornando-me lentamente num poço de beleza.
Ante a sombra das matas que me cerca
Transbordo alegre, venturas de cunhantãs
Ágil, ultrapasso os obstáculos, sem desanimar
Sobre os rochedos, burilo o caminho que irei trilhar.
Descortino o véu da adolescência, formando rios
Em cascata, acendo o lume de esperança,
Estendendo à vida por onde passo,
Desabrocho em corredeiras, rumo ao mar.
No vale da maturidade, entre barrancos,
Transmudo sonhos felizes ante o mundo desatento.
Envolvente terra que me acolhe, a cantar, doce e tranquila,
Que somente o homem insiste em magoar.
No sobe e desce de minha vivência
Sigo cansada, das mãos que destrói
A golpes rudes que me degrada
Da rota que muitos me fazem mudar.
Límpida, linda me chamam a versar.
Suja, chaguenta ninguém quer me amar.
Sou águas translúcidas a terra devo banhar.
Os homens? Com o tempo, poluída vão me deixar.
Da nascente tenho lembranças, do solo benfazejo
Dos caminhos, tristeza, torturas que me encarcera.
Na foz deságua meus sonhos, antes maldizer a própria sorte,
Seja dia brilhante ou noite escuro, sigo... Constantemente.
Sou riacho, rio, sou mar.
Peregrina... Alivio a aspereza dos corações.
Sou para a terra estéril... Água boa prá sede matar.
Sou vida, viva, vivida...
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