Relendo a Oração aos Moços fiquei a meditar sobre o discurso revelador de um homem de larga visão jurídica e defensor do voto direto, da separação da Igreja do Estado, da liberdade do ensino, da liberdade de expressão, da liberdade dos escravos, que condenava qualquer forma de preconceitos, defendia a tese da igualdade social e autor da primeira Constituição brasileira, a de 1891. Daí a afirmação: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...”
Esta é uma frase que demonstra de forma cabal a atualidade do pensamento de um dos grandes juristas e políticos que o país já teve. Rui Barbosa, quando proferiu esses versos aos jovens em meados de 1920, quis em recital, conclamar os formandos da faculdade de Direito de São Paulo para que se empenhassem em ter suas ações públicas voltadas para a honradez. Profético, diria eu, o pronunciamento de Rui. Talvez já soubesse, por vias espirituais, de tudo o que poderia se suceder em terras brasilis e, por isso, alertavam-os de modo a evitar os problemas resultantes da falência moral do homem.
Se há algo que ninguém neste país ignora é a falta de tudo que Rui Barbosa proferiu principalmente a falta de vergonha de certos membros dos Poderes Constituídos. É lamentável o que está acontecendo, tanto na judicatura, como no executivo e no legislativo a nível Federal, Estadual e Municipal.
Não há uma semana em que não tenha na mídia noticias sobre os desastres éticos de políticos ou administradores públicos. Em seis meses de governo a presidente Dilma já sente na pele o descompasso de seus comandados. Primeiro foi Palocci que não justificou sua evolução patrimonial e foi ceifado do ninho governista. Nem bem esfriou o caso, desponta, o caso do dossiê de 2006 que figura o ministro Mercadante como sendo o principal mentor do episodio, e até agora não apresentou sua versão sobre o assunto.
Esta semana, a presidente Rousseff tem mais um imbróglio nas mãos. O PAC está adernando em banzeiro de suposta corrupção no Dnit e Valec, que superfaturou a malha ferroviária (R$ 828 milhões) e a BR-116 em mais de R$ 9 milhões o trecho que vai de Eldorado do Sul a Pelotas/RS. Me nego a acreditar, até por ser amazonense e saber que os nossos representantes sempre estiveram na contra-mão dos arranjos “corruptivos” de Brasilia, que o ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, esteja envolvido neste esquema “contraversivo do mensalão do PR, dentro de seu Ministério”.
Diria o primo Mourão Maskate, “ o buchada está sendo cozido no caldo de tucupí com bastante pimenta murupi”. Experimenta!
Pelo navegar da canoa, tudo leva a crer, que o Ministério dos Transportes deixou suas funções especificas para tornar-se um banco privado do PR em que figura como diretor geral o deputado Valdemar Costa Neto, o mesmo que participou do mensalão do PT em 2006. Fico admirado em saber que o presidente do partido, senador/ministro Alfredo Nascimento, não tenha conhecimentos dos fatos ocorridos por seus pares. Pergunta-se: realmente ele está indo ao Ministério despachar ou foi acometido da cegueira e surdez de seu padrinho Lula, que nada vê e nem ouve nada?
Oh! Brasil, celeiro da controvérsia moral, do grande imbróglio político e social, da impunidade, da corrupção para determinadas autoridades, da criminalidade que atormenta a sociedade, da união homossexuais, do seqüestro de crianças e de mulheres que são vendidos para o estrangeiro como produto de exportação, das índias em Tabatinga/AM que são mortas e seus órgãos vendidos a peso de ouro na Europa, das estradas e ferrovias majoradas em propinodutos, da licitação manipulada, da Amazônia loteada, do Ministério Público e da imprensa disputando quem vai ser o quarto poder, do povo que vota para ser enganado!
Resta-nos gritar: “viva a democracia brasileira”
*Escritor
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