quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mordaça Escolar - 04/09/2011



                                                                                                          

Está mais do que comprovado que o Brasil tem uma democracia aos avessos, direitos e deveres são distintos e se aplicados de conformidade com interesses particulares.  Não  estou falando somente no que diz respeito as garantias constitucionais, que virou uma bola de neves das incertezas sociais.
A política nos faz ri diariamente pelos apoteóticos acontecimentos irrelevantes para a sociedade, porém de muito bom grado para os que praticam falcatruas e usam de seus status para ludibriar enganar e sonega tais direitos.

A educação em nosso país é caso de uma verdadeira comédia grega, no estilo de “Satiricom” versão baré. Volta e meia, nos deparamos com notícias que passam dos conceitos de bom viver em sociedade. As hilaridades dos fatos ocorridos no mundo educacional brasileiro já estão inseridas até mesmo nos anais do judiciário amazonense.

Como um município deve priorizar a educação da população de baixa renda com escolas em regime de mordaça? Digam-me, de que maneira uma escola que visa  congregar os alunos  em torno de uma proposta pedagógica, como educação física, lazer, recreação, conseguirá dá uma boa formação, sendo proibida judicialmente? Diante disso, como fica a educação como um instrumento de formação do cidadão?

Não se trata de filme de ficção. É a realidade de uma escola municipal de Manaus. É a inovação do conceito educacional em que os alunos devem ter mordaças nas aulas de educação física, e, o mais agravante terão que fazer a pleno sol, já que a cobertura da quadra que custou nosso dinheiro, terá que ser retirada, por está causando problemas ambientais sonoros para a comunidade. Acredite se quiser, mais é a realidade.

Entendo que a defesa ambiental e a cidadania é uma forma de transformação social e que a consciência ecológica na escola deva ser incentivada, com orientação acerca da conservação do meio ambiente, não se esquecendo das condições inerentes ao homem.   

A escola que não tem barulho de alunos não pode ser considerada escola viva que propicie socialização. Algazarra e brincadeiras fazem parte do contexto escolar. Para isto é fundamental a educação física e momentos de lazer em sua dependência.  Agora, proibir suas práticas sem falatórios, aí é demais.

Cadê a proibição sonora nos bares, nos carros, nas lojas, nas igrejas? Será que somente os alunos da escola municipal Carlos Gomes são causadores de poluição que não deixam os moradores da compensa sossegados? Os filhos desses mesmos moradores estudam em escolas particulares?

Vamos rever nossos conceitos sobre o que seja educação e  meio ambiente. Uma inclui conhecer a natureza das fontes geradoras de problemas, seus impactos na população e ambientes urbanos. A outra na formação socioeducacional em que busca a formação de caráter em um corpo sadio.

Cabe a sugestão ao prefeito Amazonino, que as quadras poliesportivas tenham sistema de acústica e que sejam instalados ar condicionados para evitar que os dignos moradores, (se fizer um levantamento, muitos deles não pagam sequer IPTU), possam ter sossegos em seus lares.

Ressalto que os recursos devam sair dos cofres do judiciário.

*Escritor-nicaciodasilva@gmail.com

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