segunda-feira, 7 de março de 2011

Sonetos


Desprezível

A maturidade me faz refletir e,
Percebo quanto desgostos te fiz passar
As  impetuosidades da juventude que tudo reclama
A vergonha de ser  humilde e suburbano.

Quantas vezes  dizias-me que pouco sabias de mim por mim mesmo,
Em retribuição a tua indagação te recriminava.
Eu ria de teus questionamentos, de tua interferência paternal,
Quando querias saber com quem eu andava ou que fazia.

- Cresceste e quase não falas conosco? Perguntavas-me.
A resposta era sempre a mesma, seca e ríspida:
- Não se metam em minha vida, dela cuido eu.

Eram para mim uns perfeitos desconhecidos,
Filho desprezível e arrogante fui eu.
Perdão vos peço, se assim o merecer.



Inspiração

 A figura de teu corpo
A partir dos olhos
Têm as formas do sol,
Do mar, do céu.

Teu semblante  acaboclado,
De tez abaçanada, cabelos castanhos e longos,
Olhar amendoados a luzir raio de luar,
É a sublime perfeição divinal.

Teu perfil tem as cores do arco-íris
A dimensão dos oceanos,
Os refluxos dos mares, o dançar da maré.

Infinita sedução de sonhos inebriantes,
Evolam teus íntimos desejos ardentes,
Provoca enleio em mim que te contemplo.


Manjar dos Deuses

                                              



Respiro os teus sabores
Triturando–os em sonhos
Seguras minhas mãos
Calo-me diante...

Tento fugir, fingindo  medo.

Quando a noite chega
Aguardo por tua volta
Suspiro em desejos, teus beijos
Redescubro  o amor.

Teus olhos já não me miram
Com o mesmo fulgor
Centelhado de vigor.

Respiro os teus manjares
De caricia e paixão
Solvendo minha alma em doce ilusão.

 



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